Pastores e padres, os novos adeptos do ateísmo!
Como ponto de partida ao tema proposto, tomo por base as recentes notícias ligadas ao pastor Ryan Bell, da Igreja Adventista da Califórnia que decidiu viver como ateu durante um ano. Ele disse: “Eu não sei o que eu sou. Isso é parte do que vou buscar descobrir este ano”. Por conta de sua posição extrema de passar todo esse tempo freqüentando reuniões ateístas e estreitando relacionamento com ateus, enquanto deixará de ler a bíblia, fazer orações e ir à igreja; Bell perdeu seus empregos e a liderança da igreja que pastoreava em Hollywood. Ele diz se sentir discriminado e surrado pela posição tomada por sua igreja, comparando sua experiência a da rejeição que alguns gays passam quando assumem sua opção sexual.
Em uma entrevista, Ryan Bell relatou que mais de 20.000 pessoas já visitaram o seu blog nos primeiros dias em souberam publicamente de sua nova posição. Muitos que escreveram para ele, contam que também vivem com a dúvida sobre o que crêem, mas sentem medo de assumir isso por causa do custo social. A experiência de Ryan não é uma exclusividade norte-americana, pois temos no Brasil casos semelhantes e até mais definidos que os de Bell (uma vez que ele disse que não será ateu, e que tudo – apesar dos prejuízos que já teve – não passa de uma busca pessoal por respostas existenciais, mas que deverá retornar a igreja). Pensadores ateístas afirmam não haver razões lógicas e factíveis para se crer na existência de Deus e muito menos sentido para as religiões oferecerem enlevo ou ligação espiritual.
No Brasil, cito o caso de um ex-pastor presbiteriano de Jaguapitã (PR), que depois de anos no ministério cristão decidiu abandonar a dita “fé cristã”, admitir-se ateu e voluntariar-se em serviço na Liga Humanista Secular do Brasil (LHSB), entidade que se propõe em ajudar a outros quase ex-religiosos a se definirem e a encontrarem com a alegria da vida – fora da vida religiosa, obviamente. Desse ex-pastor em sua carta aberta destaco o seguinte trecho: “Minhas decepções com a igreja me fizeram retomar a busca pelas respostas das questões polêmicas dos tempos de faculdade e de outras que foram surgindo durante minha vida pastoral. Foi então que conheci Nietzsche, filho e neto de pastor. Um filósofo que conhecia profundamente a bíblia e a teologia. Nietzsche me apresentou respostas consistentes e libertadoras através do seu O Anticristo e o Humano demasiado humano, que me salvaram do medo e da insegurança”.
Cito também a Freedom From Religion Foundation (Fundação para o fim da religião), que mantém o projeto clero com o objetivo de reunir clérigos como pastores, padres, rabinos e outros líderes religiosos que escolheram “abandonar a fé”. Dan Barker, co-fundador da FFRF, reuniu nomes de sacerdotes “apóstatas” durante décadas. Alguns entraram em contato com ele depois lerem seu livro Godless (Sem Deus) ou seu livro anterior, Losing Faith in Faith (Perdendo a Fé na Fé). Para justificar a razão da FFRF, se expressa Barker: “Nós sabemos que deve haver milhares de líderes religiosos que secretamente já abandonaram sua fé, mas não têm para onde ir. “Agora eles têm um lugar para conhecer, um verdadeiro santuário, uma congregação daqueles que têm substituído fé e dogma pela razão e o bem-estar humano”.
O site do Projeto Clero reúne ambientes para discussão daqueles que perderam sua fé. Muitos são pastores que continuam cuidado de suas igrejas, mas poucos têm coragem de assumir quem são. Num antigo fórum da FFRF, uma pastora metodista de nome Lynn, também se manifestou ateísta e confessou: “Toda semana eu me sinto como uma fraude. Toda semana eu luto com o fato de que eu estou mentindo quando eu falo diante de minha congregação. Estou levando uma vida dupla. Eu tenho uma estratégia de saída, mas ainda preciso de algum tempo. Até lá, vou continuar a servir a minha igreja e lutar essa batalha em minha mente”. A Freedom from Religion afirma que não reúne apenas o clero de igrejas liberais, mas também “muitos padres e pastores tradicionais” além de “uma série de pregadores pentecostais”.
E como se não bastasse tanta descrença entre pastores, mais dois relatos. “Eu sou ateu”, diz Jack, um pastor afiliado à Convenção Batista do Sul (EUA), com mais de 20 anos de ministério. ”Vivo minha vida como se Deus não existe”, pronuncia-se também Adam, que faz parte da equipe pastoral de uma pequena igreja em um dos estados mais religiosos dos EUA. Ambos construíram suas vidas e carreiras ao redor da fé, mas agora dizem sentir-se encurralados, vivendo uma mentira. O pastor Jack disse que há dez anos começou a sentir sua fé se esvair. Ficou incomodado com as inconsistências no relato dos últimos dias da vida de Jesus, a improbabilidade de histórias como a “Arca de Noé” e as idéias expressas na Bíblia sobre as mulheres e seu lugar no mundo. “Comecei a olhar para isso (ministério) como apenas uma atividade profissional e faço o que tem de ser feito”, disse. “Venho fazendo isso há anos”.
A solução para a descrença é ouvir a Palavra de Deus (Rm 10:17). Respostas para as indagações intrigantes da alma poderão ser obtidas através da oração (Jr 33:3; Zc 10:1). Vivemos um tempo de esfriamento do amor e de extinção da verdadeira fé em Jesus (Mt 24:12; Lc 18:8), mas em Deus há sempre renovação para recomeço (Is 40:31). Elias desistiu da vida por falta de fé e o Senhor o sustentou em sua maior crise pessoal (1 Re 19:4-5); Gideão descreu que o Senhor pudesse libertar seu povo, mas sua fé foi restaurada e por fim, além de voltar a crer, vivenciou milagres (Jz 6:1-27). Há outras pessoas na Bíblia que duvidaram de Deus e foram alcançadas pelas misericórdias dEle; a exemplo de Pedro que ao desviar seus olhos do mestre e fitá-los nas ondas, começou a submergir e ao prever o inevitável afogamento (Mt 14:30), e então grita: Senhor, salva-me! Este deve ser o grito (se já não for possível orar mais), a nosso Salvador capaz de revelar-se aos vacilantes, mas sinceros pecadores que apelam à sua ajuda (Sl 50:15). Definitivamente, a elucidação das dúvidas e questionamentos existenciais não pode ser respondida pelo ateísmo (Sl 10:4; 14:1); ainda mais para pastores (Jd:3).
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e não refletem, necessariamente, a opinião do Gospel Prime.
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